Lisboa continua nas preferências dos investidores

Por a 11 de Novembro de 2019 as 15:17

Lisboa, quer, enquanto destino turístico quer de investimento em activos hoteleiros continua forte, apesar do ligeiro desaceleramento registado este ano. Ainda que as oportunidades para adquirir hotéis em funcionamento na capital sejam limitadas, o ano de 2019 irá sem sombra de dúvidas ser um ano impressionante ao nível da transacção de activos turísticos. Não só pelo volume de investimento, mas também pela tipologia de transacções, como por exemplo a venda de hotéis em portfolio, como foi o caso dos 3 hotéis Tivoli recentemente transaccionados.

No contexto actual espera-se que alguns dos hotéis mais cobiçados no coração da cidade não venham a ser comercializados, fazendo com que se venha a assistir a uma crescente procura por edifícios para desenvolvimento de raíz de unidades hoteleiras, reforçando desta forma a dinâmica imobiliária local, e dispersando o investimento imobiliário hoteleiro para zonas menos imediatas.

A recente aprovação do regime das SIGI poderá vir também a contribuir para um reforço do interesse no nosso país por parte de fundos internacionais, que cada vez mais olham para activos hoteleiros.

De salientar no entanto que, decorrente do layout dos edifícios no centro de cidade ser de pequena dimensão, e esta ser a localização mais cobiçada, tal facto está a ter impacto na dimensão média das unidades de alojamento, a qual se tem vindo a comprimir. As unidades em pipeline, bem como os edifícios recentemente transaccionados cuja finalidade será hotelaria, introduzem no contexto da cidade unidades de alojamento na sua generalidade com menos de 100 quartos, e uma faixa significativa dos chamados hotéis boutique.

Uma nota final vai para as expectativas geradas em torno dos mais recentes negócios. Suportados em expectativas de considerável crescimento ao nível do ADR da cidade, os valores médios de transacção que se têm vindo a alcançar são elevados, podendo vir a criar constrangimentos no médio prazo. É obvio que acreditamos no potencial da cidade e na capacidade de gestão dos players, mas ainda assim será de recomendar alguma razoabilidade nas projecções realizadas, podendo correr-se o risco de estar a desenhar negócios com níveis de rendimento que não permitam a sua rentabilização.

Embora os investidores estejam a considerar também outras capitais europeias para destino dos seus investimentos em activos turísticos, ainda há muito capital disponível para investir. O desafio nesta fase para a cidade será a manutenção da atractividade ao nível dos incentivos fiscais, bem como a continuação do trajecto até aqui percorrido de consolidação do sector, tornando-o desta forma competitiva aquando de análise comparativa com outras geografias.

Opinião de Karina Simões, Senior vice-president Portugal JLL Hotels & Hospitality Group
*Artigo publicado na edição 165 da revista Publituris Hotelaria.

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