A oportunidade das SIGI’s no mercado hoteleiro

Por a 5 de Agosto de 2019 as 15:00

É com entusiasmo agridoce que vejo o surgimento a passos daquele que pode vir a ser o capital institucional competitivo do mercado português. Muito se tem escrito e falado sobre as Sociedades de Investimento e Gestão Imobiliária, um veiculo de investimento que tem como objetivo a democratização do investimento e a possibilidade de dispersar a participação em bolsa de valores abrindo – em tese – a oportunidade ao investimento indireto a investidores menos capitalizados e pequenas poupanças.

Não pretendo dissertar sobre os prós e contras deste veículo, nem dos impactos fiscais que o regime acarreta, nem tão pouco da exposição orientada a um tipo de uso imobiliário sem flexibilizar a vontade do mercado.

Pretendo sim transmitir um voto de confiança e de reconhecimento que apesar de ainda não se encontrarem consensualizados os parâmetros sobre os quais a SIGI’s operarão, conceptualmente este é um veículo muito desejado e bem vindo ao nosso mercado de investimento.

A flexibilidade e transparência do veículo possibilitando um conjunto alargado de investimentos em direitos reais sobre imóveis em rendimento ou exploração direta, em aquisição de participações sociais de empresas ou unidades de participação de fundos de investimento para desenvolvimento ou reabilitação, confere-lhe a capacidade de atuar em diferentes fases da cadeia de valor do desenvolvimento imobiliário.

Adicionalmente é um tipo de veiculo com características transversais a diferentes fontes de capital como capital privado, family offices e fundos de investimento abertos e fechados.

Esta flexibilidade na forma de capital e áreas de atuação traduz-se num importantíssimo instrumento de dinamização do investimento pois assegura previsibilidade e aumento de liquidez no mercado imobiliário.

Para o mercado hoteleiro, as SIGI’s poderão funcionar como a PropCo (empresa proprietária) de excelência. Num sector em que cada vez mais se separa o negócio hoteleiro do negócio imobiliário, onde se nota uma crescente disponibilidade de marcas em assumirem cessões de exploração ou contratos de arrendamento, vejo com naturalidade o surgimento de um ambiente competitivo de potenciais compradores, e até novas marcas hoteleiras criadas no seio destas mesmo SIGI’s.

A capacidade de concentrar num veículo a decisão de operação hoteleira e a de investimento imobiliário, sugere dinamização, escalabilidade e capacidade de resposta às crescentes oportunidade de investimento, tendo a capacidade de competir internacionalmente.
Somos culturalmente e simultaneamente visionários e receosos, razão pela qual discutimos assuntos indefinidamente sem a segurança de dar um primeiro passo. A oportunidade de mercado é clara e o momento apropriado, haja sensibilidade para consensualizar as “regras do jogo” com as dinâmicas de mercado.

*Gonçalo Garcia head of  hospitality  da Cushman  & Wakefield

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