Calma

Por a 4 de Junho de 2019 as 8:00

Nota-se atualmente algum nervosismo em diferentes entidades que atuam no mercado turístico, salientando-se desde logos os hoteleiros. Nos últimos 4 anos, as boas notícias eram exageradas e as más (ou menos boas) desprezadas. De repente, tudo mudou e o Brexit, o abrandamento económico da Alemanha, a situação do aeroporto de Lisboa, as falências de companhias aéreas charters fazem esquecer o que de positivo continua a acontecer no mercado; reforço das ligações aéreas do mercado dos EUA e do Canada, mais ligações aéreas de companhias de bandeira a Faro, melhoria das economias Espanhola e Brasileira ou o adiamento do Brexit e a ligeira valorização da Libra.

Olhando para Lisboa, e segundo a estatística da ATL, entre 2010 e 2018 o Revpar dos 3* aumentou 87%, o dos 4 estrelas 75% e o dos 5 estrelas 99%. É de notar que a inflação acumulada não atingiu os 10%.

Em Lisboa (e não só), vários hotéis atingiram, em 2018, taxas de ocupação superiores a 90% acompanhadas de aumentos de preços médios. À exceção de Luanda no início do milénio, desconhecemos mercados onde ocupações se mantenham a estes níveis durante vários anos. Normalmente, aumenta a oferta de novas unidades ou um ou vários mercados abrandam o seu dinamismo. É natural e é normal num contexto concorrencial.

A questão põe-se, por conseguinte: Se a hotelaria tiver um desempenho em 2019 com as taxas de ocupação de 2016 e os preços médios de 2018, é mau? Causa problemas financeiros?

Em nossa opinião existe apenas uma preocupação: a possibilidade de alguns hoteleiros quererem manter a ocupação através de decréscimos do Preço Médio; para nós que observámos o esforço de muitos em (finalmente) alcançar Preços Médios por quarto vendido saudáveis, não compreendemos que se possa sacrificar todo esse trabalho para não decrescer de uma taxa de ocupação de 90% para 85% ou até de 80% para 75%, pois é destes valores que estamos a falar nos principais destinos Portugueses.

Além de que este abrandamento não é generalizado; veja-se o caso do Porto, com acesso direto a novos mercados, destacando-se a Asia com o voo da Emirates e reforço da Turkish bem como recuperação de rotas pela TAP.

Também os hoteleiros do Algarve viram em Janeiro bem menos reservas para o Verão em comparação com o ano passado, mas assistiram a uma recuperação em Fevereiro e Março.

Ou seja, estamos perante um ligeiro abrandamento da procura mas na globalidade será um ano bastantes rentável para o setor do turismo em geral e para a hotelaria em particular. Pode também constituir uma excelente oportunidade para tanto os destinos como as empresas do setor pensarem estrategicamente o seu produto e a respetiva promoção. Existem, com certeza, várias “dores” deste crescimento tão acelerado; falta de recursos humanos com formação adequada, quartos desatualizados ou conceitos de restauração ultrapassados. Tudo isto sem decisões precipitadas que podem deitar a perder todo o esforço que o setor realizou nos últimos anos.

*Luís Pedro Carmo Costa, partner Neoturis.

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