Consumos energéticos em hotéis

Por a 9 de Maio de 2019 as 11:07

O consumo de energia dos edifícios, incluíndo todo o seu ciclo de vida, representa 36% do consumo de energia em todo o mundo e cerca de 40% das emissões diretas e indiretas de dióxido de carbono. Para quem dirige um hotel, é imprescindível ter consciência de que uma diminuição de consumo em termos ambientais representa um diferencial positivo.

O principal consumo de energia vem da regulação de temperatura, essencialmente em geografias ou alturas do ano em que as temperaturas são mais extremas, o que exige mais dos equipamentos para equilibrar as temperaturas exteriores com uns amenos 22 a 24 graus Celsius no interior. Além disso, pense que cada hóspede do seu hotel carrega diariamente um tablet, um telefone, uma câmara ou um portátil, que são adicionados aos equipamentos do próprio espaço. Agora adicione-lhes os vários serviços oferecidos como lavandarias, piscinas aquecidas, jacuzzis, bares abertos em horário alargado ou mesmo 24h por dia…

É importante para o ambiente que se tente reduzir os gastos e tal passará, a meu ver, por uma consciencialização dos hóspedes, bem como da equipa, para estas questões. Explicar as medidas de eficiência energética, por forma a envolver os colaboradores no seu sucesso, poderá ajudar a garantir o uso correto dos equipamentos por forma a que a mesma não se cinja ao desenho/plano mas que aconteça também na fase de operação. Experimente envolver as equipas através de prémios ou na conquista de certificações relacionadas com boas práticas de eficiência energética. Procure também envolver e influenciar positivamente os comportamentos dos seus hóspedes, desde a lavagem de toalhas ao uso racional do ar condicionado. Sondar os clientes sobre funcionalidades úteis e inúteis bem como a sua sensibilidade sobre os níveis de serviço pode ajudar a concentrar recursos sobre aquilo que lhes é relevante e poupar no que é supérfluo.

Existem também medidas técnicas que podem ser levadas em conta como o controlo da temperatura de aquecimento de águas a ar condicionado, dos equipamentos elétricos à disposição do cliente (iluminação, TV, mini-bar, tomadas nos quartos), dos isolamentos térmicos dos quartos às piscinas interiores, dos restaurantes aos SPAs e dos equipamentos de grande porte em infraestruturas relevantes como cozinhas, lavandarias, ginásios e da ventilação, incluindo garagens. Tudo isto pode ser feito graças à Internet of Things: defina um plano de implementação de ferramentas baseadas em IT e sensorização que permitam monitorizar o desempenho dos equipamentos e implementar planos de manutenção preditiva com impacto positivo no ciclo de vida dos ativos. Estes serviços irão certamente ajudar nas manutenções ou paragens dos equipamentos em momentos de menor impacto sobre o negócio e centralizar informação de colaboradores, clientes e prestadores de serviços sobre falhas em serviços e equipamentos (análise causa-efeito) e avaliar a satisfação de todos.

Miguel Agostinho, CEO da Associação Portuguesa de Facility Management

*Texto publicado na edição de abril da revista Publituris Hotelaria.

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