AHP: Aeroporto de Lisboa e RH são “constrangimentos sérios” para hoteleiros

Por a 14 de Março de 2019 as 12:57

A discussão já não é nova e os argumentos têm sido esgrimidos ao longo do último ano. Se, nos últimos dados divulgados pela AHP, o ‘Brexit’ era apontado como a principal ameaça para 2019, agora, os novos indicadores da Associação da Hotelaria de Portugal referem que a capacidade do Aeroporto de Lisboa e os Recursos Humanos estão no topo das preocupações dos hoteleiros nacionais.Estes são “constrangimentos sérios para o setor que aparecem pela primeira vez” na lista de principais desafios referidos pelos inquiridos pela associação, explica Cristina Siza Vieira, presidente executiva da AHP.

O medo do ‘Brexit’ parece ter amenizado para a maioria da hotelaria nacional que espera um 2019 de estabilização do mercado britânico relativamente a 2017. A exceção é feita pela hotelaria algarvia que prevê que o número de turistas provenientes do Reino Unidos continue em queda.

De acordo com o mais recente Hotel Monitor da AHP, divulgado esta quinta-feira, no âmbito da BTL, a decorrer até domingo, em Lisboa, o Reino Unido é ainda o principal mercado em solo nacional, tendo gerado 2,8 mil milhões de euros em receitas em 2018, seguindo-se França com 2,7 mil milhões de euros e Espanha, que gerou receitas em Portugal no valor de 2,16 mil milhões de euros.

Ainda assim, o Reino Unido foi um dos mercados que mais caiu em dormidas e hóspedes no ano passado em terras lusas, a par com a Alemanha. Pelo contrário, os turistas dos Estados Unidos e do Brasil têm registado um crescimento positivo no país.

Novos hotéis em Portugal
A oferta hoteleira no país deverá continuar a crescer a um ritmo acelerado, a avaliar pelos projetos hoteleiros em pipelineque têm sido divulgados pelos respetivos promotores. Contudo, Cristina Siza Vieira alerta para a “elevada taxa de mortalidade dos projetos anunciados”.  Em 2018 estavam previstas as aberturas de 61 novas unidas e apenas foram concretizadas 26. Só para região de Lisboa foram anunciados 25 novos hotéis e abriram 10.

“Há uma elevada taxa de mortalidade entre os hotéis que pensam em nascer e os que vêem a luz do dia”, refere a responsável da AHP que, acrescenta, “há vários fatores que justificam a discrepância destes dados, como atrasos nas obras, licenciamentos demorados ou falta de recursos humanos”.

Para 2019, a AHP apurou a abertura de 65 hotéis e estimou a remodelação de 15 unidades. Estes números não convencem a presidente executiva da associação que acredita que a concretização fique abaixo destes valores “tendo em conta a experiência dos anos anteriores”.

Lisboa foi campeã em 2018

O balanço do ano passado já não é novidade. Todos os indicadores da hotelaria nacional tiveram desempenhos positivos à exceção da taxa de ocupação que apenas obteve uma variação positiva no primeiro trimestre do ano, tendo registado, ao longo do ano, variações homólogas negativas.

Houve regiões que surpreenderam com uma subida na ocupação como foi o caso das Beiras (56%), Coimbra (65%), Viseu (47%), Alentejo (63%) e Costa Azul (65%).

Os Açores, a Madeira, o Algarve e a região de Leiria, Fátima e Templários estiveram na linha vermelha, com as maiores quebras em termos de ocupação.

Lisboa foi a campeã nacional em todos os indicadores com uma taxa média de ocupação de 81%  e um preço médio por quarto de 115 euros, conforme já tinha sido divulgado.

O mercado interno continua a crescer representando 29% das dormidas no ano passado (28,6% em 2017) sendo que as dormidas de estrangeiros  atingiram os 71% em 2018.

A estada média é outro dos calcanhares de Aquiles do setor. “Os nossos hóspedes quando querem permanecer mais tempo no país escolhem outras opções de alojamento, que não os hotéis”, conclui Cristina Siza Vieira.

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