Guia Michelin: uma noite comedida em estrelas mas com surpresas para a gastronomia nacional

Por a 22 de Novembro de 2018 as 10:48

São considerados os Óscares da gastronomia e é a noite mais ansiada do ano para centenas de chefs que ambicionam o reconhecimento da bíblia mais cobiçada no meio: o Guia Michelin. As expectativas para o final de tarde desta quarta-feira, 21,  estavam elevadas e o cenário onírico fazia antever a primeira terceira estrela Michelin para Portugal. O Belcanto,  (chef Avillez), o Il Gallo d’Oro, (chef Benoît Sinthon), o Ocean (chef Hans Neuner), o The Yeatman (chef  Ricardo Costa) e o Vila Joya (chef Dieter Koschina), estavam na corrida à estreia do tri-estrelato. Uma hora e meia depois de terminar o anúncio dos novos nomes, a expectativa caiu por terra. Mesmo na atribuição de novas estrelas,  o júri foi comedido em território nacional. Há, ainda assim, motivos para a gastronomia portuguesa celebrar.

À entrada do Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa,  os idiomas português e espanhol já se embrulhavam anunciando o mote que levou os mais de 500 convidados a estarem presentes: a gala ibéria do Guia Michelin 2019, a primeira em Portugal.  O cenário pintado de vermelho contrastava com as jalecas brancas dos vários chefs que por ali andavam antes do início da cerimónia.

Entre cumprimentos e entrevistas de antecipação aos vários jornalistas, ia-se já sentindo o aroma das várias iguarias que reconfortariam o estômago dos presentes mais tarde. Atrás das cortinas, longe das luzes hollywoodescas e dos copos de champanhe, estavam dezenas de cozinheiros e ajudantes que, quase às escuras, afinavam delicadamente os últimos pormenores da comida que descansava em cima de mesas corridas que enchiam o espaço traseiro do evento.

“Vou ser breve porque tenho de ir fazer uns telefonemas para marcar mesa para jantar, antes que os preços aumentem”, brincou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Fernando Medina, num discurso rápido de agradecimentos.  Também a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, interveio rapidamente desculpando a ausência do primeiro-ministro, António Costa.

Discursos e formalidades terminados, iniciou-se uma hora e meia de revelações e anúncios.  Por entre aplausos, a subida ao palco, o vestir da jaleca e a foto com o director internacional do guia, Gwendal Poullennec, a chuva de estrelas caiu em território espanhol. Por cá, as expectativas rapidamente foram refreadas, com apenas três novas estreias.

As surpresas da noite foram para A Cozinha, em Guimarães (chef António Loureiro), para o G Pousada, em Bragança, (chef Óscar Gonçalves) e para  o Midori, em Sintra, (chef Pedro Almeida), sendo este o primeiro restaurante em Portugal de comida japonesa a ser galardoado com uma estrela Michelin.

O Alma, do chef  Henrique Sá Pessoa,  subiu mais um degrau e ganhou a segunda estrela.  No total, Portugal tem agora 26 restaurantes com estrelas Michelin. Também o chef  Martin Berasategui, que inaugurou em Lisboa recentemente o Fifty Seconds, teve motivos para sorrir, com a conquista da 10ª estrela Michelin (tinha oito antes da gala).

Os restaurantes Loco, Lab by Sergi Arola, Fortaleza do Guincho, Feitoria, Eleven, Belcanto e Alma foram os responsáveis pelo jantar servido após a cerimónia.

Deixe aqui o seu comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *