A gestão da oferta hoteleira

Por a 22 de Novembro de 2018 as 17:27

A oferta hoteleira em Portugal tem tido a capacidade de se moldar às novas exigências de quem nos visita, quer em modelos diferenciados de alojamento, quer numa maior inserção nas realidades locais criando assim uma oferta dinâmica de experiencias onde, numa mesma viagem podemos conjugar momentos de meditação com a alegria pela participação num festival de música e, por fim, tentarmos ultrapassar os nossas limites num passadiço ou num dos inúmeros percursos pedestres existentes em todo o País.

Compreendemos, finalmente, que oferta turística ultrapassa em muito o alojamento. O que oferecemos é a nossa vivência, a nossa história, as nossas tradições. Por isso, é necessário, cada vez mais, uma maior interação entre todos os intervenientes, sejam eles públicos ou privados, na criação do nosso ‘produto’, necessitamos que o património seja cuidado, os acessos tratados, a limpeza das nossas cidades uma preocupação constante e não esquecer a segurança que continua a ser uma das principais razões para que se escolha Portugal como destino.

À oferta hoteleira, cabe a responsabilidade de se adequar ao tipo de mercados emissores avaliando sempre os hábitos e desejos dos seus clientes e as expectativas criada pela oferta da região em que se insere.

Por último, é necessário que se dê o devido valor a todos os profissionais que trabalham no sector, principais embaixadores do nosso país, promovendo a sua qualificação e valorização.

Como disse o antigo secretário-geral da Organização Mundial de Turismo, Taleb Rifai, “o melhor de Portugal são os portugueses”!

Ponto Fraco

Continuamos a recorrer a pessoal indiferenciado, muitos vezes sem o mínimo de conhecimentos de português, para se fazer face, nas épocas altas, à escassez de oferta. Esta estratégia está a pôr em causa a qualidade do serviço hoteleiro.

E não é por falta de formação no sector. Neste momento, já existe formação desde o nível 4 (alunos do 10º ao 12º ano) até ao nível 7 (mestrados). Há que encontrar uma solução para reter no sector todos aqueles que escolheram o turismo e hotelaria como área de formação inicial.

Ameaça

Segundo o Atlas de Hotelaria 2018 da Deloitte (referente a 2017), em Portugal de toda a oferta hoteleira 46% correspondem a 4 e 5 estrelas e são responsáveis por mais de 60% dos quartos.

Cruzando com os dados do INE – Estabelecimentos Hoteleiros 2009-2016, os hotéis de 5* quase duplicaram ( 56 – 109 ) assim como os 4* (242 – 417) num universo com pouca alteração ( 1988 – 2032) podemos afirmar que estamos perante uma mudança significativa na oferta o que constitui um problema. Não podemos esquecer que os operadores turísticos são quem mais contribui para a ocupação do nosso maior destino turístico, o Algarve e a oferta de 3* quase estagnou ( 272 – 366).

Oportunidade
Numa altura em que cada vez temos mais dados sobre o sector turístico e hoteleiro, estamos em condições para aprofundar os porquês da nossa actividade e contribuir para um maior conhecimento e maior rentabilidade do sector.

Dado o papel central da hotelaria é surpreendente que se continue a advogar a não necessidade de directores hoteleiros.

Só profissionais devidamente formados podem assegurar uma correcta gestão de equipas, uma análise detalhada e uma gestão coerente e rentável da hotelaria em Portugal.
– Maria do Rosário Barra, secretária-geral da ADHP –

Artigo publicado na edição de Outubro da revista Publituris Hotelaria. 

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