O crescente mercado dos ‘serviced apartments’

Por a 5 de Novembro de 2018 as 10:40

Antecipação e inovação são palavras-chave na indústria hoteleira. O acompanhamento das tendências, mudanças nos hábitos e motivações dos turistas constituem um elemento fundamental na identificação de oportunidades de negócio, e/ou adaptação de um negócio existente.
Com a crescente exigência por parte de gerações como a Y e Z numa maior flexibilização do local e horário de trabalho, a fronteira entre viagens de trabalho e de lazer tende a desvanecer-se, abrindo espaço para o crescimento do segmento bleisure, estando os players do sector a adaptar-se, através do incremento de ofertas de ‘serviced apartments’.
De acordo com a Egencia, mais de dois terços dos turistas de negócios marcam dias extras antes ou depois de deslocações por motivos profissionais, pelo menos uma vez por ano. Se a este facto juntarmos uma procura crescente por unidades de alojamento home-style (com mais espaço e proporcionando um maior nível de independência que o tradicional quarto de Hotel) em localizações centrais, estão identificados os principais motivos que sustentam, no nosso entender, o crescimento dos ‘serviced apartments’ a nível internacional. Tal facto tem resultado não só numa proliferação de marcas a operar especificamente neste sector, bem como na adaptação das tradicionais marcas hoteleiras, as quais têm vindo a criar sub-marcas especificamente direccionadas para este tipo de produto.
As principais alterações que se verificam no produto ‘serviced apartments’, quando comparados com a hotelaria tradicional, estão relacionadas não só com o facto de os primeiros serem menos exigentes ao nível do staff, bem como por estarem a reinventar o modo como são utilizados os tradicionais lobbies de hotel, transformando-os em espaços onde os hóspedes podem interagir e socializar, não só entre eles, mas também com a população local.
De um modo geral os ‘serviced apartments’
são mais rentáveis do que os Hotéis; se juntarmos a este facto o crescimento significativo da procura que se tem vindo a verificar por este tipo de produto, resta-nos esperar que os investidores e operadores apostem na crescente qualificação da oferta a este nível. De salientar que apesar de intuitivamente podermos ser levados a pensar que os turistas que procuram esta tipologia de alojamento procuram evitar o contacto com os prestadores de serviços, tal não se verifica, pois na realidade valorizam a existência de um ponto de contacto, mesmo num contexto de crescente flexibilidade tecnológica, pois confere-lhes maior segurança. Esta característica especial tem vindo a fazer com que em algumas cidades da Europa, proprietários de unidades de Alojamento Local se estejam a associar a unidades hoteleiras para a prestação do serviço de check-in, usufruindo assim de um serviço profissional o qual dá maior garantia de segurança/confiança ao cliente, e fazendo com que os hotéis estejam a alargar o seu potencial de receitas através da prestação deste serviço.
Pelo exposto, espera-se que o sector dos Serviced Apartaments cresça a um ritmo superior ao da Hotelaria tradicional nos próximos anos.

Opinião de Karina Simões, vice-presidente de Hotels & Hospitality Group, Portugal na Jones Lang LaSalle (JLL), publicada na edição de Outubro da Publituris Hotelaria.

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