“Um dos nossos pontos fortes é a diversidade”

Por a 16 de Novembro de 2017 as 9:58

O 29º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo, organizado pela Associação de Hotelaria de Portugal, arrancou esta quarta-feira, em Coimbra. Raul Martins, presidente da Associação faz a antevisão do congresso.

‘Descobriram Portugal. E agora?’ É o tema do congresso este ano.  Na óptica da AHP, qual é o caminho a seguir neste momento?
O caminho a seguir é a melhoria de qualidade. Temos tido, nos anos anteriores, novas construções de hotéis de qualidade, nomeadamente nos anos de 2005 a 2008. Depois sucederam-se os hotéis mais pequenos, mas sempre com qualidade. Mas precisamos que essa qualidade se prolongue nos serviços, não basta ter instalações de qualidade. Por isso, um dos painéis do congresso é exactamente sobre a formação e como resolver os problemas nesta área. A AHP, nomeadamente, tem em curso um plano de formação através do Hotel Academy, no qual damos formação complementar, além de que a que existe nas escolas hoteleiras continua com uma procura enorme. Depois, temos, também, a formação complementar, as nossas parcerias com vários institutos e universidades, recentemente ampliadas com o ‘master’ da Universidade Europeia, onde estamos em crer que até alguns proprietários de hotéis mais pequenos estarão presentes. Sentimos haver falta de formação, por vezes, àqueles que são os proprietários de empresas de menores dimensão. Este curso da Universidade Europeia não é só para licenciados, é aberto aos empresários com experiência, que vão poder ouvir temas desde a contabilidade até à forma de como estar no mercado através de sites. É transversal ao sector.
Isto é tudo no sentido de existir a qualidade e sustentabilidade necessárias, não basta existirem hotéis de qualidade e ter um País diversificado e atractivo.

Quantos participantes é que esperam no congresso deste ano?
Cerca de 400, a média tem sido esta.

A sustentabilidade da procura a que se assiste é um dos temas do momento. Quais são os principais fundamentos a seguir neste caminho da sustentabilidade?
Penso que Portugal, finalmente, está centrado na diversidade do País, à semelhança de outros países europeus, como a Itália. Não temos só Sol&Praia, isso já é do passado, porque, hoje, o mais interessante para os turistas, especialmente os mais novos, é a experienciação da vivência do País, como se vive no local, as coisas mais locais e tradicionais.
Hoje, sentimos que é essa a procura e Portugal, nesse aspecto, tem uma diversidade fantástica e isso tem permitido que as regiões como os Açores, o Centro e o Norte tenham crescido na sua ocupação, o que é um factor muito importante para a sustentabilidade do Turismo em Portugal.

Estão previstas mais de 40 unidades hoteleiras para os próximos dois anos, principalmente em Lisboa. Este número está aquém ou além do que precisamos?
Temos que ver a situação em dois planos. Num, é a controvérsia sobre qual é a carga que uma cidade suporta de turistas. Se em Barcelona temos 35 milhões de turistas/ano, e em Lisboa temos cinco milhões de turistas/ano, com certeza que a cidade portuguesa nunca poderá chegar aos números de Barcelona porque é mais pequena, obviamente.
Mas se fizermos as proporções entre o número de habitantes e de turistas em ambas as cidades, ainda temos potencial de crescimento. Mas também nos parece que Barcelona chegou a um excesso de utilização de turistas e, nesse sentido, num dos painéis do congresso, temos um representante do Turismo de Barcelona exactamente para nos vir falar de como é que têm lidado com essa situação. Às vezes precisamos de ouvir o que se diz lá fora e é uma experiência que vai à nossa frente. Barcelona é o caso, talvez, mais parecido com Lisboa, e é uma cidade com características muito semelhantes e, portanto, trazemos isso para um painel muito importante sobre ‘Como crescer sem perder a identidade’.
Não devermos querer ficar com tanta ocupação como Barcelona tem.

Entrevista publicada na edição de Novembro da revista Publituris Hotelaria 

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