Hélder Santos | Reabilitação urbana parte II

Por a 16 de Fevereiro de 2017 as 15:11

h_lder-santosDentro do debate de que tem sido objecto a reabilitação urbana e, sobretudo, com as diferentes opiniões que têm sido publicadas em vários artigos de opinião, uns a favor outros contra as novas ocupações, alojamento local, hotéis e até residencial, apartamentos de aluguer que, como também já aqui referi noutros artigos, me parece no que diz respeito aos que vão entrar no mercado de arrendamento estarão especulados e que mais tarde ou mais cedo haverá correcções adaptando esses mesmos arrendamentos ao valor real das rendas obtidas. Já vimos quase tudo escrito, sobretudo em termos do que era a desertificação dos centros históricos da cidade de Lisboa e também do Porto e que, para muitos, era algo de pouco significado e nem sequer entendiam os porquês.

Por outro lado, temos uma imprensa que só procura sensacionalismo e cachas, mas não é objectiva, e vemos, de vez em quando, umas peças na televisão de comerciantes a lamentarem-se que vão fechar os seus estabelecimentos para dar lugar a mais um hotel ou similar, na maioria em estado absolutamente degradado e com rendas há muito subsidiadas pelos proprietários dos edifícios. O que nunca vi, nem nunca foi perguntado a esses mesmos comerciantes, foi qual a colaboração contributiva pelo menos nos últimos 10 anos? Se essa pergunta fosse feita e respondida, provavelmente, todos íamos entender o porque desta situação.

Entre todos os bons exemplos podemos ir facilmente buscar alguns desde os mais emblemáticos até aos mais discretos, nós, na dynamic hotels, fomos dos primeiros a apostar nas zonas históricas de Lisboa e do Porto. No Porto desenvolvemos o Intercontinental das Cardosas num edifício abandonado que nada servia à cidade e nada contribuía além de ser um refúgio para toxicodependentes, hoje dá emprego directo a mais de 80 pessoas e contribui para a economia com muitas centenas de milhares de euros de impostos. Outros vieram a seguir, e com mais ou menos área, estão a contribuir para o aumento de receitas fiscais numa área onde quase ninguém pagava impostos por ano.

Em Lisboa, a situação é exactamente a mesma, os que se queixam nunca pagaram impostos ou pagavam residualmente. Era agora interessante saber nestas freguesias mais criticadas por estarem a abrir novos estabelecimentos hoteleiros quanto contribuem estes para a sociedade e quando contribuíam os que já lá não estão aqui iremos ter uma grande surpresa e talvez se entenda melhor esta situação. só um pequeno restaurante que eu conheço que abriu na baixa paga hoje mais de 6 mil euros por mês de impostos quando o estabelecimento que lá estava há mais de 10 anos que não pagava um euro.

Gostava de ver jornalismo sério a ir de facto ao fundo destas questões, mas é sempre mais fácil entrevistar alguém a queixar-se do que ver a realidade. Pessoalmente, sou a favor da preservação do comércio sério, sobretudo os que mantêm vivas as nossas tradições e esse é compatível com a reabilitação e é mesmo necessário à identidade das cidades, mas têm que ser viáveis economicamente.

Não me canso de voltar ao mesmo assunto, numa cidade como Lisboa, que tanto diz querer preservar a sua culturaridade, os tuk tuks são uma praga infeliz com que, por razões inexplicáveis, vamos vivendo, quando os vejo juntos dos nossos monumentos tenho que olhar para o lado para não me revoltar.

Escrevo hoje de Bangecoque onde até podem ter piada mas em Lisboa???? o que é que o presidente da CML está á espera??

* O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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